Poltrona Mole

A Poltrona Mole foi projetada em 1957 por Sergio Rodrigues, que a Enciclopédia Delta-Larousse descreveu, em 1960, como: “o criador do móvel moderno brasileiro”.

Como toda peça de design, a poltrona passou por um longo processo para chegar até o modelo que conhecemos hoje. Ela foi encomendada, originalmente, pelo fotógrafo Otto Stupakoff. Ele queria, na verdade, um sofá onde as pessoas pudessem ficar esparramadas e confortáveis, onde quem sentasse se sentiria como um sultão.

Naquela época, era moda ter um sofá com poltronas combinando. E foi isso que Sergio fez com o móvel que criou para Otto. E daí surgiu a Poltrona Mole. Ela caminha pela contramão do que estava em alta em matéria de decoração nos anos 60, quando tudo eram pés palito e silhuetas elegantes. A irreverência do designer burlou todos os padrões daquela época.

Em 1961, quatro anos depois de criar a poltrona, Rodrigues, a pedido do então governador do estado da Guanabara, Carlos Lacerda, inscreveu “a cama de cachorro” no 4º Concurso Internacional de Design de Móveis de Cantu, na Itália. “Fui premiado porque a poltrona valorizava a questão regional, enquanto as peças dos demais concorrentes não revelavam nada de suas origens”, diz.

A partir daí, a Mole, também conhecida como “Sheriff”, passou a ser sucesso entre o público mais descolado. Quando comprou uma, há cerca de 40 anos, a atriz americana Kim Novak comentou com Rodrigues, em tom de brincadeira, que o móvel estava mais para uma cama de bode.

Após um período de ostracismo, que começou nos anos 70, Rodrigues voltou ao mercado e, em 2005, suas criações retomaram as vendas, desta vez com madeiras certificadas. Foi essa volta que deu início à caçada às cerca de 600 Mole feitas de jacarandá entre 1957 e 1968.

REPERCUSSÃO
O trabalho dos mestres brasileiros sempre foi admirado no mercado internacional graças à ligação com arquitetos renomados, como Oscar Niemeyer – Rodrigues foi um dos que criaram móveis colocados em alguns prédios públicos da recém-inaugurada Brasília. Mas esse reconhecimento não se traduzia no preço.

O nome, curiosamente, é um apelido para como os operários da fábrica tratavam a peça: molenga. Parece improvável, mas a Mole não fez sucesso logo de cara. Passou mais um ano exposta na Oca, a loja de Sergio Rodrigues em Ipanema, até que alguém se interessasse pela compra. Só entrou para a lista de ícones do design em 1961, quando venceu o Concurso Internacional do Móvel de Cantú, na Itália, por apresentar o verdadeiro modo brasileiro de sentar.

Nas palavras do designer: “essa é uma poltrona superpreguiçosa”.

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